Alegres jograis que me cantam
a voz do melro piada
no juízo afinado pelas linhas cruzadas
e infinitas,
dos labirintos desenhados
como quem crê.
E nas notícias cantadas
por tais alegretes,
arrancadas das ausências
feridas pelos açoites da razão,
espero eu ser agraciado
pela melodia que verte o mel
dos favos sobre o escrito.
E no embalar do pio
adormecer tranquilamente.
sábado, 21 de agosto de 2010
8422
Hoje,
nas guerras volantes
dos novos “cowboys”,
destiladores de aguardentes,
das papoilas cultivadas,
as tropas nobres são prendadas
generosamente
— voluntários a heróis.
Ontem,
à força desertores
das nossas terras e amores,
daqui nos levaram
e sem perguntar a vontade,
roubaram o tempo.
Nas asas da psico,
fomos levados a combater
miseravelmente além-mar
— pela Pátria.
No mesmo hoje, somos tantos a expiar
— na mesma Pátria.
Que mestrou o esforço
Para nos esquecer.
nas guerras volantes
dos novos “cowboys”,
destiladores de aguardentes,
das papoilas cultivadas,
as tropas nobres são prendadas
generosamente
— voluntários a heróis.
Ontem,
à força desertores
das nossas terras e amores,
daqui nos levaram
e sem perguntar a vontade,
roubaram o tempo.
Nas asas da psico,
fomos levados a combater
miseravelmente além-mar
— pela Pátria.
No mesmo hoje, somos tantos a expiar
— na mesma Pátria.
Que mestrou o esforço
Para nos esquecer.
Falazar
Falazar, falazar. E a malta vai
Pisar, pisar. E a malta sente
Quanto mais depressa cai
Mais de burro é repetente
Será sim, e assim valente
O que diz não, sem ter pai.
A plebe do sim contente
Deste infortúnio assim não sai
Ser feliz neste sítio até podia
Memória fosse dada a quem magoa
São outros a construir o meu dia
Contradição que se apregoa
E confiar já não sei em quem seria
A liberdade é paga assim, por boa
Pisar, pisar. E a malta sente
Quanto mais depressa cai
Mais de burro é repetente
Será sim, e assim valente
O que diz não, sem ter pai.
A plebe do sim contente
Deste infortúnio assim não sai
Ser feliz neste sítio até podia
Memória fosse dada a quem magoa
São outros a construir o meu dia
Contradição que se apregoa
E confiar já não sei em quem seria
A liberdade é paga assim, por boa
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Dança de navalha
Jardim benfazejo
com espiar de Arcanjo
e cuidados celestes,
para leis negras de vestes
dar música de realejo
No pantanal de gravatas
afogam as bravatas
dança de navalha, um beijo
com espiar de Arcanjo
e cuidados celestes,
para leis negras de vestes
dar música de realejo
No pantanal de gravatas
afogam as bravatas
dança de navalha, um beijo
Hoje há teatro
Hoje há teatro!...
A maior peça do mundo!...
— Vida lixada...
Todos são actores,
acidentais é certo,
como certo é o desespero
de tal encenação:
a casa, a praça, o imposto,
o desemprego,
o mal empregado actor.
Papel de embrulho, o nosso,
importado.
Distribuído a todos à chegada
com fitas de seda.
— Peça contínua
em muitos actos,
cenas tristes.
A maior peça do mundo!...
— Vida lixada...
Todos são actores,
acidentais é certo,
como certo é o desespero
de tal encenação:
a casa, a praça, o imposto,
o desemprego,
o mal empregado actor.
Papel de embrulho, o nosso,
importado.
Distribuído a todos à chegada
com fitas de seda.
— Peça contínua
em muitos actos,
cenas tristes.
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